Seleção de Mestrado em Tecnologias Ambientais (IFAL) Disporá de Cotas Raciais e Comissão Verificadora

IMG-20170626-WA0006Com a finalidade de promover as questões referentes ao gênero e à raça no interior do Instituto Federal de Alagoas (IFAL), foi criada a Comissão de Gênero e Raça, a qual tem desenvolvido uma série de iniciativas dentro e fora da referida instituição, com o objetivo de não apenas promover o respeito à diversidade entre seus servidores, mas também e principalmente pensar e elaborar propostas de políticas públicas de promoção de segmentos historicamente discriminados, a exemplo da população negra e indígena. Entre tais políticas, no cenário nacional, tem se destacado a adoção de cotas raciais nos processos seletivos de cursos de pós-graduação, o que já constitui um avanço referente ao já estabelecido sistema de cotas para os cursos de graduação nas instituições públicas de ensino superior. Apesar da legitimidade e seriedade de tal política, a mesma vem sendo alvo de uma série de fraudes por parte de indivíduos que, de maneira bastante recorrente, vem, criminosamente, tentando burlar os critérios definidos por esta política com vistas a obter um suposto sucesso em seu pleito junto aos referidos cursos. Tais casos têm sido constatados em algumas Universidade brasileiras, a exemplo da Universidade Federal de Pelotas (RS), que teve um total de vinte e sete estudantes denunciados na Faculdade de Medicina. Ainda no bojo das Universidades que tem sido alvo de autodeclarações fraudulentas podemos situar a Universidade Federal de Uberlândia (MG), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, dentre outras.

Visando combater atitudes desse tipo no seio dos concursos públicos federais, a Secretaria de Gestão de Pessoas e Relações do Trabalho no Serviço Público editou orientação normativa (003/2016), dispondo sobre regras de aferição de veracidade da autodeclaração de candidatos(as) autodeclarados(as) negros(as). Muito embora tal normativa não diga respeito aos sistemas de cotas raciais existentes nas instituições federais de ensino superior, tais instituições têm tomado iniciativas no sentido de garantir a correta aplicabilidade da política. É nesse sentido que as mesmas vêm criando comissões que visam aferir a autodeclaração de candidatos que optam pelo sistema de cotas nos processos seletivos.

O Instituto Federal de Alagoas, por meio de ações fomentadas por sua Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação criou recentemente seu primeiro curso de Mestrado, sendo o mesmo na área de Tecnologias Ambientais. Em seu processo seletivo foi adotado o sistema de cotas raciais para candidatos(as) negros(as), indígenas e quilombolas, além da reserva de vagas para servidores(as) do Instituto. No que concerne às cotas raciais, serão concedidas quatro vagas aos(às) candidatos(as) supracitados(as). Para evitar a ocorrência de possíveis fraudes dentro do processo, a instituição optou por aderir ao que tem sido nacionalmente convencionado, qual seja, a criação de uma comissão que terá por atribuição aferir a autodeclaração de possíveis candidatos(as) cotistas. O Instituto do Negro de Alagoas tem se constituído num parceiro na implementação desse processo, o qual será desenvolvido pela Comissão de Raça e Gênero do IFAL.

Alunos da Escola Estadual Dep. Rubens Canuto (AL) Debatem Sobre Racismo Vivenciado no Cotidiano

19149015_10210022402504653_2830803578029145498_n (1)Na tarde do dia 13 de junho do corrente, foi apresentado aos alunos do ensino médio da Escola Rubens Canuto, o projeto Protagonismo Negro: embates no cotidiano escolar. Para instigar a participação dos mesmos foram exibidos dois pequenos vídeos. O primeiro deles, exibiu depoimentos de jovens negros relatando os problemas corriqueiros pelos quais passam cotidianamente, à exemplo das rotineiras abordagens policiais e também perguntas eivadas de pensamento estereotipado,  as quais pressupõem que o(a) negro(a) tenha esta ou aquela ocupação, evidenciadas no vídeo pela fala de uma jovem negra que questionava o fato de uma pessoa ter-lhe interpelado sobre a qual escola de samba estaria filiada, ao invés de perguntar-lhe qual curso de faculdade frequentava. Na sequência, foi exibido outro vídeo o qual apresentou as desigualdades raciais brasileiras, evidentes na proporção de acesso ao ensino superior, na composição da população carcerária, no desfrute de bens de consumo e de equipamentos sociais, indispensáveis ao bem-estar de qualquer população.

As falas dos(as) alunos(as) ratificaram os fatos apresentados nos vídeos na medida em IMG_20170613_145855111que relataram experiências idênticas vivenciadas por eles(as) em suas trajetórias de vida, seja dentro ou fora do espaço escolar, como nos confidenciou Robert, aluno do 3º ano. Teve destaque o debate sobre desigualdades nas oportunidades educacionais, as quais justificariam a necessidade da adoção das cotas raciais nos processos seletivos. Outro assunto levantado pelos(as) alunos(as), diz respeito aos padrões estéticos ditados pela mídia brasileira, em especial os propagados pelas tele novelas. Tal discussão deu ensejo à falas sobre a autoestima do(a) negro(a) e as consequências de uma identidade construída de maneira negativa. Outro aspecto abordado pelos(as) alunos(as) da Escola Deputado Rubens Canuto diz respeito ao quanto que o(a) negro(a) acaba também reproduzindo o racismo que o(a) oprime, o que acaba por minar qualquer possibilidade de organização para fazer frente a tal estrutura.

O lançamento junto aos alunos contou ainda com a participação de Geysson Santos,19105595_10210022412664907_5773475969961291069_n (1) membro da Cia Hip Hop, e de Nêgo Love, ativista do movimento hip hop alagoano. Além destes, também marcaram presença os integrantes do grupo de Rap UTP/ Última Opção. O professor de História da Escola, Carlos Pereira, também se fez presente organizando a atividade e debatendo junto aos alunos. A partir do próximo sábado terão início as oficinas definidas no Projeto, a começar pela oficina de Capoeira a ser ministrada pelo professor Denivan, o qual também é membro da Federação de Capoeira do Estado de Alagoas.

             O Projeto Protagonismo Negro: embates no cotidiano escolar terá duração de sete meses, sendo finalizado no mês de dezembro de 2017.