Feminismo Negro e Afetividades

FOTO BRUNADando continuidade às palestras ocorridas durante todo o ano de 2015, o Instituto do Negro de Alagoas (INEG/AL), trouxe para Alagoas, no dia 27 de novembro de 2015, a Coordenadora do Grupo de Estudos Mulheres Negras/UNB, Bruna Pereira. O debate foi produtivo e reflexivo. O tema proposto, “Feminismo Negro e Afetividades” foi a abertura inicial para um leque de assuntos referentes a mulher negra no Brasil.

A palestrante iniciou sua explanação fazendo uma leitura conceitual do feminismo no Brasil, e o que difere as condições de ser mulher em um país machista e com um alarmante índice de violência contra a mulher. Nesse contexto, Bruna esclareceu que existem dados atuais das últimas pesquisas sobre violência no Brasil que apontam para uma diminuição da mortalidade de mulheres no país. No entanto, esses dados, se observados de forma universal, acabam por obscurecer as particularidades existentes neste segmento populacional. Observando tais particularidades, os dados vão apontar para o aumento da violência contra as mulheres negras no Brasil. Nesse sentido, Bruna salientou a necessidade das mulheres negras terem seus debates em um Movimento Feminista Negro, que discuta as especificidades pertinentes aos interesses da mulher negra.

As análises de Bruna percorreram vários pontos que englobam o debate do feminismo negro brasileiro, entre eles a afetividade. Nesse contexto, a palestrante abordou algumas das formas encontradas por negros no Brasil para fazer frente ao racismo, como é o caso de relacionamentos com pessoas brancas. Relações essas que possuem conflitos raciais no seio FOTO PLATEIA BRUNAfamiliar, muitas vezes causando violência física e moral, que acabam por afetar muitas mulheres. Enquanto as mulheres brancas estão no cenário da afetividade de casamentos formais, as mulheres negras aparecem com relações informais ou como amantes, justificando talvez a frase “branca para casar e preta para furnicar”.

Bruna também destacou a importância do movimento negro feminista compreender que a discussão de gênero precisa levar em consideração que existe um genocídio negro que atinge principalmente aos homens jovens. Mostra nesse sentido, que o feminismo negro possui um debate avançado com relação ao movimento negro na sua diversidade de abordagens.

Os debates foram trazendo outros esclarecimentos com relação ao feminismo negro e outros assuntos do povo negro no Brasil e em Alagoas. Discussões como essas, são de fundamental importância para promover a autoestima das mulheres negras de Alagoas, bem como trazer esse debate para os movimentos negros alagoanos.