A necessidade do debate em torno da educação para as relações etnicorraciais tem sido um desafio constante para a plena aplicação do que preconiza a Lei 11.645/08 nos estabelecimentos de ensino do país. Em Alagoas, assim como parece se apresentar em outros estados brasileiros, a formação de professores para a implementação da referida Lei, se mostra como um dos principais desafios enfrentados por aqueles preocupados com o avanço da promoção socioeconômica da população negra brasileira. Nesse processo, o currículo e as atividades cotidianas no ambiente escolar constituem espaços fundamentais para a desconstrução de práticas racistas fortemente arraigadas nos processos educativos regulares. Para além da formação de professores é preciso ainda que desenvolvamos mecanismos de verificação da aplicação dos referidos conteúdos. Ao discutirmos tais conteúdos, algumas questões precisam ser colocadas ao focalizarmos o estado de Alagoas. Acreditamos que uma destas questões seria a desconstrução de como o negro tem sido historicamente descrito por nossa classe letrada. E nesse momento é preciso fazer frente a um dos principais se não o principal ícone representativo de nossa alagoanidade, qual seja, a muitas vezes ingênua contemplação de nossas manifestações ditas folclóricas. É curioso o quanto até mesmo segmentos tidos como esclarecidos – a exemplo de nossa classe universitária – tem perpetuado e mesmo legitimado práticas e concepções fortemente sedimentadas e construídas pela elite senhorial local. Tudo isto travestido de uma suposta valorização do que seria “nosso”, do que nos diferenciaria dos outros estados da federação, e como tal, uma das representações do “ser” alagoano. É nesse sentido que entendemos que para o real desenvolvimento de práticas e concepções antirracistas em Alagoas, é preciso questionar elementos constituintes do que seria nossa alagoanidade. Para dialogar com tal realidade, o Instituto do Negro de Alagoas tem realizado algumas atividades, a exemplo da primeira atividade da parceria firmada entre o Instituto e o Núcleo de Identidade Etnicorracial de União dos Palmares/AL (NIER), ocorrida no dia 23 de maio, qual seja a participação de um momento de formação para estudantes, professores e coordenadores da referida cidade. O tema debatido foi: “Identidade Negra e a Legislação Educacional. Em nossa avaliação o debate foi produtivo, embora tenhamos a percepção do longo caminho que devemos percorrer, no sentido de se praticar uma educação que desconstrua e ressignifique práticas racistas vigentes em nossas instituições de ensino.