Pan-Africanismo e Cultura Rastafári

“Um povo sem o conhecimento da sua história, origem e cultura é como uma árvore sem raízes”.

Marcus Garvey

No último dia 25 o Instituto do Negro de Alagoas INEG-AL realizou a palestra “Pan-
africanismo e Cultura Rastafári” ministrada pelo coordenador do Instituto Cultural Congo Nya, Sherwin Morris.

Morris discorreu sobre a importância do projeto pan-africanista para o desenvolvimento e fortalecimento da comunidade
negra. Para tanto, realizou um apanhado histórico de algumas realizações dos povos africanos e da diáspora ao longo de milênios. Dentre essas realizações, estão às diversas dimensões da ciência egípcia (escrita, arquitetura, medicina, matemática e etc), a edificação de civilizações pelos povos etíopes, a presença de egípcios e núbios nas Américas milênios atrás, o desenvolvimento dos impérios “agro-burocráticos” da “Antiguidade Neoclássica” africana como o de Ghana, e Songoi, a Revolução do Haiti, dentre outras.

Também foi exposto para os ouvintes algumas das atrocidades cometidas contra os povos africanos durante a escravidão, como o assassinato de milhões durante a travessia, os quais eram lançados ao mar. Importante perceber que a escravidão não só transformou o Atlântico num oceano de sangue, mas também em períodos anteriores o (o tráfico negreiro tem início por volta do séc. IX d.C.) Mar vermelho e o Oceano Índico no tráfico comandado pelos árabes e turcos, para citar alguns exemplos.

Fatos como estes demonstram o protagonismo do povo negro ao longo da história, contrariando a falácia tendenciosa de base racista, que afirma que a história dos africanos se iniciou na escravidão e como esta foi catastrófica para o desenvolvimento da comunidade negra. Sherwin Morris também discorreu sobre as concepções teóricas e políticas de várias lideranças pan-africanistas como Henry Sylvester Williams, W.E.B. Du Bois, Kwame Nkrumah, Marcus Garvey, Selassié, dentre outros. Os dois últimos são figuras centrais para o Movimento Rastafári, descrito por Morris como uma “manifestação” espiritual pan-africanista (o Pan- africanismo em sua forma espiritual é o Movimento Rastafári). Movimento este que por sinal pode ser descrito como um universo alternativo onde a comunidade negra  pôde/pode conhecer e vivenciar sua história e se organizar para o enfrentamento diário contra a “Babilônia”.

Promover espaços para estes debates são um dever da nossa instituição pois fortalecem nossa africanidade visando cada vez mais nos organizar enquanto comunidade. A próxima palestra se dará no começo de novembro.

One Reply to “”

  1. Mais que um evento, isso foi parte do nosso processo de luta

    Htp.É com júbilo que leio este relato preciso sobre o trabalho do nosso irmão Rastafari Sherwin Morris.

    A ideia do movimento Rastafari ser ” uma manifestação espiritual pan-africanista” é um avanço importante para a compreensão adequada do Rastafari.

    No Brasil o Rastafari deixou de ser ignorado para ser desafricanizado, por isso a sua relação histórica com o Pan-africanismo é fundamental para evitarmos distorções e reforçarmos a militância.

    Asante Sana aos organizadores – INEG/Al
    Asante Sana ao palestrante Sherwin Morris – Instituto Cultural Congo Nya, Sherwin Morris.
    A LUTA CONTINUA !

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