Entre os dias 07 e 15 de agosto ocorreu mais uma edição da tradicional Festa do Meado de Agosto, realizada na comunidade negra rural de Poço do Lunga, localizada no município de Taquarana/AL. O município conta ainda com mais três comunidades negras rurais, sendo as mesmas a comunidade de Mameluco, Passagem do Vigário e Lagoa do Coxo. O evento ocorreu em meio a uma conjuntura de ameaças políticas aos direitos das comunidades remanescentes de quilombos de todo o país, na medida em que o Partido Democratas (antigo PFL) mais uma vez ajuizou ação no ano de 2004 contra o Decreto que regulamenta os procedimentos para a titularidade das terras quilombolas. Devido a pedidos de vista por parte dos ministros do STF o julgamento vem sendo adiado. Para discutir esta e outras questões, a atividade contou com a realização de algumas rodas de conversa, as quais se caracterizaram pela diversidade na abordagem e pluralidade de perspectivas, evidentes em uma das rodas de conversa que contou com a facilitação da militante do Hip Hop, Alyne Sakura; da integrante do grupo Identidade Alagoana, Ticiane Simões; do membro do grupo Anajô, Jorge Filho, além de membros de outras organizações. O Instituto do Negro de Alagoas também se fez presente nesta atividade, estabelecendo um diálogo com os estudantes da Escola Estadual Santos Ferraz sobre a necessidade de organização da população negra, bem como também sobre o dever do Estado e dos descendentes das famílias que escravizaram nossos ancestrais, no desenvolvimento de políticas públicas de promoção socioeconômica de nossa população.
Alyne Sakura desenvolveu uma performance cênica enfatizando a relação abusiva na qual se constituem a maioria dos relacionamentos afetivos, sendo a mulher vítima de violência psicológica e mesmo física. Nesta modalidade de violência, a integrante do movimento Hip Hop alagoano representou o assassinato de mulheres por meio de arma de fogo, fenômeno bastante presente em nosso meio.
Ticiane Simões, por sua vez, também por meio de performance cênica, estabeleceu um diálogo com o público presente fazendo alusão ao comodismo característico do comportamento do cidadão comum, o qual geralmente não se importa com o problema do outro, muito embora esse mesmo problema seja de responsabilidade da sociedade como um todo.
Jorge Filho teceu algumas considerações sobre a política de cotas raciais e sobre aspectos relativos ao cristianismo a questão do negro.
A integrante do grupo Levante Popular da Juventude ressaltou a necessidade de unificação das lutas do campo e da cidade para a construção de uma sociedade mais justa.
Além da participação dos estudantes da Escola, o evento contou ainda com a contribuição de membros do movimento Hip Hop do município de Palmeira dos Índios.

A riqueza cultural presente no bairro do Benedito Bentes e arredores é algo facilmente constatável. Visando articular as diversas atividades culturais e artísticas desenvolvidas no mesmo, bairro periférico de Maceió/Alagoas, buscando a construção de mecanismos auto-gestionários, é que o INEG/AL dará início ao projeto Articulando Artes Periféricas: da invisibilidade ao protagonismo. O teatro do oprimido, a dança afro, a capoeira e os elementos do Hip Hop, são práticas de forte presença nas periferias de Maceió, no entanto, não são potencializadas na mesma proporção que são benéficas ao desenvolvimento cognitivo e social de jovens e adolescentes das periferias. A articulação dessas práticas sociais e culturais tem como objetivo central construir uma organização, em modelo de cooperativa de artistas. Este modelo dará condições de desenvolver as diversas artes citadas anteriormente no seio das comunidades periféricas do Complexo Benedito Bentes possibilitando a produção de espetáculos e também o desenvolvimento de um empreendedorismo artístico local junto aos jovens e adolescentes moradores da região.